A quebrada ferve, o palco vibra, e quem segura o mic agora são elas — rappers, DJs, produtoras, beatmakers e MCs latinas que estão transformando a cena musical com voz, presença e autenticidade. Não é só música, é manifesto. É mina rimando, batendo, produzindo e comandando.
Em estúdios improvisados ou festivais internacionais, as vozes femininas e LGBTQIAP+ da América Latina estão criando batidas que sacodem estruturas. Nomes que antes ficavam à margem agora ocupam o centro da cultura urbana, trazendo letras afiadas sobre vivências reais — racismo, machismo, afeto, resistência, corpo e desejo.
Ser artista na linha de frente é importante. Mas comandar o som por trás dos botões e beats também é revolução. Cada vez mais minas e dissidências estão se formando como beatmakers, produtoras e DJs, criando suas próprias trilhas, eventos e narrativas. Sem intermediários, sem filtros. Tudo na base da autonomia e da visão.
As rimas vêm com sotaque, com gíria, com orgulho do território. As batidas carregam tambor, funk, cumbia, reggaeton, rap e trap. É uma fusão que diz: “a gente não copia, a gente cria”. A estética também fala: cabelo colorido, piercing, tênis, cílios, unhas, ancestralidade e atitude. Tudo comunica.
Não basta estar presente, é preciso estar no controle. As minas estão ocupando selos, criando coletivos, organizando cyphers e festivais, quebrando com a ideia de que o rap, o funk ou o eletrônico são espaços masculinos. Agora, quem dita o ritmo são elas.
Voz de mina não é só voz doce — é voz forte, é voz braba, é voz política.
E se ainda não ouviu o que elas têm a dizer, é hora de abrir o ouvido. Porque quando uma mina rima, o sistema treme.