Pitty em “Pausa”: Quando o Silêncio Também É Revolução

Fabio BenedictoEstilo & ModaPensamento Latino4 meses atrás327 Visualizações

Foto: Divulgação

Mesmo em hiato, Pitty não saiu de cena. Pelo contrário: escolheu o silêncio como linguagem, e a introspecção como grito político. O curta-metragem “Pausa”, lançado pela cantora baiana, não é apenas um registro visual do intervalo em sua carreira musical — é uma obra que toca na alma de quem carrega a América Latina no corpo e nas ideias.

Pitty sempre foi mais do que rock. Com raízes no recôncavo baiano e no calor das ruas de Salvador, sua voz atravessou os limites da indústria e ecoou nos becos, nas escolas públicas, nas tatuagens e nos fones de ouvido da juventude brasileira. Agora, com “Pausa”, ela oferece uma nova lente: a de quem observa o mundo do lado de dentro.

“É um momento de voltar pra casa, pro meu corpo, pra minha origem. E isso também é criação”, diz Pitty no curta. Em meio a cenas contemplativas, memórias de palco e olhares profundos, ela se reconecta com algo que muita gente tenta esquecer: que a arte não nasce da pressa.

O curta traz imagens de arquivo, poesia falada, ruídos urbanos, espiritualidade e um tom quase documental — tudo com a estética suja e visceral que sempre acompanhou sua carreira. Mas agora, ela parece estar mais perto da América Latina do que nunca. Ao escolher se retirar temporariamente, Pitty se junta a uma tradição poderosa de mulheres latinas que fazem da ausência uma presença política.

A cineasta e pesquisadora Luiza Ramos, que estuda representações femininas na música latina, aponta:

“Esse curta é muito simbólico porque mostra como a Pitty não precisa de um álbum ou hit pra continuar relevante. Ela está na mesma chave de artistas como Lila Downs e Julieta Venegas, que também mergulham em pausas criativas como formas de resistência.”

“Pausa” também marca um momento raro de vulnerabilidade. Em tempos de algoritmos exigindo produtividade constante, Pitty aparece contemplativa, cuidando de si, ouvindo o corpo. Para Renata Alves, produtora cultural da zona leste de São Paulo, o filme é quase um abraço coletivo:

“A gente cresce achando que tem que fazer tudo o tempo todo. Ver uma mulher preta, nordestina, como a Pitty, dizendo ‘calma’ é libertador.”

Ao final dos quase 15 minutos, fica claro que “Pausa” não é o fim, nem um ponto final. É uma vírgula firme de quem sabe onde pisa. E de quem entende que na quebrada, na Bahia, na América Latina, o silêncio também é grito. E o tempo, resistência.

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