
Com 43 anos de estrada, banda ícone do rock nacional aposta em novas turnês, discos ao vivo e fãs da geração Z para manter seu legado pulsando
A poucos meses de completar 44 anos de carreira, o Barão Vermelho vive um dos momentos mais criativos e enérgicos de sua trajetória. De volta aos grandes festivais e celebrando décadas de hits que moldaram o rock brasileiro, a banda mostra que ainda tem muito a dizer — e, principalmente, a tocar.
Após participações eletrizantes em eventos como o João Rock 2025, a banda carioca tem lotado casas de shows e palcos ao ar livre com uma nova geração de fãs. Jovens de 18 a 25 anos agora dividem espaço na plateia com aqueles que viveram a explosão do Barão nos anos 80. “É lindo ver pais e filhos cantando ‘Por Você’ lado a lado. A música atravessa o tempo”, diz Rodrigo Suricato, vocalista da formação atual.
Mesmo sem Cazuza, ícone da primeira fase da banda e morto em 1990, o Barão Vermelho manteve seu espírito intacto. De lá pra cá, nomes como Frejat e, mais recentemente, Suricato assumiram os vocais com respeito à história e ousadia na sonoridade.
“É impossível ocupar esse microfone sem ter consciência da responsabilidade. Mas o palco é nosso templo, e o Barão sempre foi uma banda de energia viva. Essa energia continua”, explica Suricato, que hoje também assume parte das composições junto com Maurício Barros e Guto Goffi, integrantes fundadores.
Criado em 1981, no Rio de Janeiro, o Barão começou no circuito alternativo e explodiu com canções como “Pro Dia Nascer Feliz”, “Bete Balanço”, “Maior Abandonado” e “Por Você”. Cazuza, com sua poesia visceral e presença provocadora, eternizou o grupo como símbolo de uma juventude rebelde e romântica.
Após sua saída, Frejat assumiu o vocal e conduziu a banda a novos sucessos nos anos 90 e 2000. Hoje, a formação atual une a base clássica com nova pegada, equilibrando nostalgia e inovação. “Não queremos ser cover de nós mesmos. Tocamos os clássicos, mas também abrimos espaço para novas ideias”, destaca Guto Goffi.
Em turnê com o show “Barão 4.3”, a banda prepara o lançamento de um álbum ao vivo com participações especiais, entre elas, Emicida, Pitty e Duda Beat. A proposta é revisitar o legado da banda sob a ótica de diferentes estilos, conectando o rock a outras linguagens da música brasileira atual.
Além disso, o Barão prepara um documentário com imagens de bastidores, arquivos inéditos dos anos 80 e depoimentos de amigos e ex-integrantes.
“Queremos mostrar que o Barão é mais do que uma banda: é um sentimento coletivo de resistência, de liberdade, de arte”, afirma Maurício Barros.
Perguntados sobre o que mantém o Barão de pé por mais de quatro décadas, a resposta é unânime: autenticidade. “A gente não seguiu fórmulas. A gente viveu cada fase com verdade. E isso ressoa nas pessoas, mesmo quem não viveu aqueles tempos”, afirma Guto.
Com forte presença nas plataformas de streaming, o Barão Vermelho tem conquistado espaço também nas playlists da nova geração. O single “Me Deixa em Paz”, lançado recentemente, já ultrapassou 2 milhões de plays no Spotify, com destaque no TikTok em vídeos de casais e reflexões.
A banda também reforça sua conexão com os fãs nas redes sociais, compartilhando bastidores, curiosidades e histórias de estrada. “A gente está sempre aprendendo. A molecada tem outra linguagem, e é bom saber que a nossa música segue falando com eles”, brinca Suricato.
Formação atual: Rodrigo Suricato (voz e guitarra), Maurício Barros (teclado), Guto Goffi (bateria), Fernando Magalhães (guitarra) e Rodrigo Santos (baixo)
Projeto atual: Turnê “Barão 4.3” e gravação de disco ao vivo
Próximos shows: Belo Horizonte, Salvador, Recife e encerramento em São Paulo, no Espaço Unimed
Lançamento previsto: Documentário oficial “Barão – 40 e Tanto” no fim de 2025
Em um país de memória curta, o Barão Vermelho segue como uma das poucas bandas que resistiram ao tempo sem perder relevância. Em meio à cena pop efêmera e ritmos virais, os acordes de “Maior Abandonado” ainda emocionam e fazem história.
“Se a gente conseguir emocionar alguém, provocar, fazer pensar, fazer dançar… então valeu. O Barão sempre foi isso: sentimento em forma de música. E isso não tem prazo de validade”, encerra Suricato.






