Natiruts: despedida dos palcos celebra quase 30 anos de amor, resistência e reggae com propósito

Fabio BenedictoEntrevistasEventos e FestivaisMúsica2 meses atrás1K Visualizações

Foto: Divulgação

Banda que virou trilha sonora de uma geração se despede em turnê histórica, mas reforça: “O que a gente plantou vai continuar crescendo”

No final de tarde em que a cidade vibrou ao som de “Sorri, Sou Rei”, o público parecia não querer que o show acabasse. E é justamente esse o sentimento que ronda os fãs do Natiruts, que se despede dos palcos com a turnê “Leve com Você”, uma homenagem à trajetória de quase 30 anos de música, resistência e espiritualidade coletiva.

Formada em Brasília em 1996, a banda não apenas conquistou o topo das paradas com letras que falam de amor, consciência e natureza — ela moldou o imaginário de gerações inteiras com um reggae brasileiro de identidade própria.

“A gente nunca foi só entretenimento. O Natiruts nasceu com um propósito, e esse propósito nunca saiu de vista”, diz Alexandre Carlo, vocalista e fundador da banda, em entrevista ao Pulso Latino nos bastidores de um show lotado em São Paulo.


A última turnê, a mais viva de todas

A turnê de despedida passou por cidades como Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e São Paulo, reunindo milhares de fãs que cresceram com os versos de “Andei Só” ou embalaram romances com “Presente de um Beija-Flor”.

Os shows são mais do que espetáculos: são encontros geracionais. Pais e filhos dividem a pista, casais revivem memórias, jovens descobrem no reggae do Natiruts uma nova forma de pensar o mundo.

“Vim com meu filho de 15 anos. Ele descobriu Natiruts por mim, e agora canta tudo mais alto do que eu”, conta Márcia Nascimento, de 42 anos, que foi ao show da banda em Ribeirão Preto. “É uma despedida com gosto de gratidão.”

No palco, a produção aposta em minimalismo, cores quentes e um jogo de luz que reforça a atmosfera espiritual das músicas. Entre um hit e outro, o vocalista fala sobre preservação do meio ambiente, afeto, respeito e fé — temas que sempre foram centrais na discografia da banda.


Entrevista exclusiva: o que o Natiruts leva da estrada

Pulso Latino: Por que agora? Por que encerrar a jornada quando a banda ainda está em alta?

Alexandre Carlo:
A gente não está acabando. Estamos encerrando um ciclo. O mundo está pedindo outras formas de conexão, e talvez a gente volte de outra maneira, mas esse formato de estrada, grandes shows, precisa descansar. A arte segue. A energia não morre.

Pulso Latino: Vocês têm ideia da dimensão do que construíram?

Luís Maurício (baixista):
Demorou um tempo pra gente perceber. Mas hoje, quando vemos uma criança cantando nossa música ou quando um jovem negro diz que se sentiu representado, a gente entende. O Natiruts virou parte da vida das pessoas. Isso não tem preço.


Legado verde, espiritual e social

Muito além da música, o Natiruts sempre se posicionou politicamente. Falou de racismo, de ancestralidade, da destruição ambiental, da força da fé — sem perder a leveza. Recentemente, a banda incorporou no palco instrumentos produzidos com cânhamo, defendendo a legalização do uso medicinal da planta e a industrialização sustentável.

“Acreditamos no poder da cultura como ferramenta de transformação. E estamos saindo de cena com a consciência tranquila de quem sempre caminhou com verdade”, diz Carlo.


Fãs se mobilizam para manter o espírito vivo

Em todo o Brasil, coletivos de fãs estão organizando encontros, rodas de conversa e playlists colaborativas para manter vivo o legado da banda. Um fã-clube em Recife criou o projeto “Reggae de Rua”, em que usa músicas do Natiruts em oficinas de arte e educação em comunidades carentes.

“Natiruts é mais do que música. É uma filosofia de paz, união e identidade. Eles nos ensinaram a ser resistência com amor”, afirma Lucas Britto, um dos organizadores da iniciativa.


Últimos shows e documentário à vista

O grupo deve encerrar oficialmente as apresentações até agosto de 2025. Entre os planos pós-turnê estão um documentário com bastidores da jornada da banda, relatos de fãs e imagens de arquivo, além de um álbum acústico com regravações inéditas.

“Queremos deixar uma cápsula do tempo para quem vier depois da gente. A história está aí, e vai continuar sendo contada”, afirma Carlo.


O reggae não para

A última música do show de despedida — “Liberdade pra Dentro da Cabeça” — é acompanhada de silêncio e lágrimas no público. Quando Alexandre canta o refrão com os braços abertos, não há dúvidas: o Natiruts sai dos palcos maiores do que entrou — não em tamanho, mas em propósito.

E se a banda deixa os palcos, o que ela plantou segue florescendo nos corações de quem acredita que música é mais do que som: é atitude.

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