Com mais de 1 bilhão de streams e shows esgotados por todo o país, banda de São Paulo consolida uma nova fase sem perder a essência que a tornou uma das maiores do reggae nacional
Num país em constante ebulição social, onde o pop flerta com o sertanejo e o funk domina as plataformas, uma banda paulistana segue firmando raízes com base em três elementos essenciais: sentimento, espiritualidade e verdade. O nome é Maneva, e a história desse grupo, que começou em 2005 tocando em bares e festas alternativas, se transformou em uma das mais sólidas do reggae nacional contemporâneo.
Com mais de 1 bilhão de streams nas plataformas digitais, parcerias com grandes nomes da música brasileira e um público fiel e apaixonado, a Maneva conquistou o espaço onde muitos duvidaram: o coração urbano do Brasil, misturando reggae, pop, MPB e até samba em uma identidade única.
“A gente canta o que vive. A dor, o amor, a ansiedade, o perdão, o corre do dia a dia. O reggae é nossa base, mas nossa alma é brasileira. E isso sempre foi nossa força”, diz Tales de Polli, vocalista e rosto mais reconhecido da banda, em entrevista exclusiva ao Pulso Latino.
A Maneva surgiu na zona norte de São Paulo, num contexto de resistência cultural. O nome vem de um dialeto africano e significa algo como “prazer” ou “manter a energia elevada” — e essa filosofia se tornou um mantra no som e na postura do grupo.
Ao longo dos anos, os hits foram se acumulando:
🎵 “O Destino Não Quis”
🎵 “Pisando Descalço”
🎵 “Saudades do Tempo”
🎵 “Lágrimas de Alegria” (com Natiruts)
🎵 “Seja Para Mim”
🎵 “Corre Pro Meu Mar”
A sonoridade da banda flerta com o pop, o acústico, o rock alternativo e a espiritualidade do reggae raiz. E essa mistura atrai não só fãs do reggae tradicional, mas uma juventude que se vê nas letras — que falam de ansiedade, autocuidado, perdão, reconciliação e autoconhecimento.
Em 2024, a banda completou 20 anos de estrada com a turnê “Tudo Vira Reggae”, que reuniu convidados como Vitor Kley, Rael, Cynthia Luz e Marcelo Falcão. A performance ao vivo no João Rock 2025 foi um dos destaques do festival, com público cantando em coro todas as faixas, e com mensagens visuais contra o preconceito, a intolerância e a destruição do meio ambiente.
“A gente vive um momento de muita conexão com o público. Não é só tocar. É criar um ritual, um espaço de catarse. Tem gente que chora, que agradece, que abraça desconhecido. Isso não é só show. É cura”, comenta Tales.
Atualmente, a Maneva se apresenta com mais de 100 shows por ano, mas mantém o pé no chão e a base familiar. Os integrantes — Tales de Polli (voz), Fernando Gato (baixo), Fabinho Araújo (bateria), Diego Andrade (percussão) e Felipe Sousa (guitarra) — compartilham decisões, composição, e carregam o projeto como irmãos de caminhada.
“Quando a gente briga, a gente conversa. Quando alguém tá mal, a gente acolhe. É por isso que dura. Maneva é família”, diz o baterista Fabinho.
Nos bastidores, o grupo também se envolve com projetos sociais, campanhas de saúde mental e parcerias com ONGs de proteção ambiental.
O que mais chama atenção nos shows é a comunhão. Os fãs cantam cada verso como se fosse autobiográfico. A plateia não é só espectadora: é parte do espetáculo. O grupo, por sua vez, se entrega com intensidade e gratidão.
“Tem gente que casou com nossa música. Tem gente que saiu da depressão ouvindo nossos discos. Já recebemos cartas, vídeos, presentes, até tatuagens com letras nossas. Isso não tem como explicar. Só sentir”, conta Diego Andrade, percussionista da banda.
Depois da turnê “Tudo Vira Reggae”, a banda já prepara um novo álbum com influências eletrônicas e experimentações sonoras. Além disso, está no roteiro um DVD gravado ao vivo em uma reserva ambiental, com público reduzido e proposta intimista, reunindo os maiores sucessos em versões acústicas.
“A gente quer eternizar essa fase com algo que traduza a essência do Maneva: espiritual, brasileiro, livre”, resume Tales.
O Maneva é, hoje, uma das maiores expressões do reggae contemporâneo no Brasil — não pela repetição do estilo, mas por sua capacidade de renovar a linguagem do reggae sem perder o coração da mensagem.
Com letras que falam sobre cura, fé, amizade, recomeços e respeito, a banda segue sua jornada com os pés no chão e o coração aberto.
“A música é só o começo. A conexão é o que fica.”