Em vídeo e entrevista, o artista critica o que considera perseguição seletiva à música periférica e defende o direito de cantar sua realidade
Em 2025, MC Cabelinho segue assumindo voz ativa em defesa da cultura preta e periférica. Em recente vídeo, ele criticou a proposta conhecida como “Lei Anti-Oruam”, que proíbe verba pública para shows que façam apologia ao crime, e acusou autoridades de criminalizarem parcialmente os funkeiros.
“Essa lei tem cor, gênero e classe social. Se você quer que eu não cante a minha realidade, mude a minha realidade”, alertou Cabelinho em conversa com Pedro Bial, ressaltando a seletividade do alvo da lei.
O artista foi enfático sobre o contraste entre narrativas televisivas e a música:
“Quando atuei na novela das 21h, era arte. Quando um funkeiro da favela canta sua realidade, virou apologia ao crime” .
Ele questiona quem traça esses limites e aponta o viés racial e social por trás das decisões.
“Não vou deixar de cantar minha realidade só porque você quer. Se você quer que eu não cante, muda a minha realidade.”
MC Cabelinho também se manifestou em apoio ao colega Poze do Rodo, preso sob acusação de apologia ao crime após uma intervenção controversa.
“Essa luta não é só sua, essa luta é nossa”, declarou Cabelinho, criticando o que considerou humilhação pública durante a prisão, com o funkeiro algemado na frente da família.
Pulso Latino: Como você enxerga esse momento do funk na sociedade?
Cabelinho:
O funk é arte que veio da quebrada, da nossa vida. O que pintam como apologia é só um espelho da favela. E esse projeto de lei só mostra que querem silenciar a nossa voz.
Pulso Latino: O que você espera que aconteça agora?
Cabelinho:
Que parem de criminalizar cultura preta. E que, em vez disso, invistam em educação, cultura e infraestrutura para quem vive nas periferias. A arte não é inimiga da lei – a arte é a lei da favela.
2019: Estreia como ator em Amor de Mãe
2022: Lança Little Love, com participações de Ludmilla e Anitta
2023: Atua em Vai na Fé; faz turnê internacional
2025: Enfrenta lei proposta de censura; defende MC Poze; aparece no Conversar com Bial
O posicionamento de Cabelinho soma-se a um debate crescente sobre liberdade de expressão artística, racialização da cultura periférica e crítica ao espaço público da arte. Ele se destaca não apenas como artista, mas como líder de discurso político cultural.
Com fala firme e paixão em sua arte, MC Cabelinho mostra em 2025 que a cultura da favela é poderosa e essencial. Sua defesa do funk, de Poze do Rodo e da liberdade de expressão mostra um artista que se recusa a ser silenciado – e fortalece, na marra, o lugar da música preta dentro do Brasil.