Filho de Cássia Eller, o cantor carioca fala ao Pulso Latino sobre identidade artística, novo álbum, parcerias e o peso — e a liberdade — de carregar um sobrenome histórico.
Chico Chico: música, herança e autenticidade
Por Redação Pulso Latino
No palco, Chico Chico canta com uma entrega quase confessional, como se cada verso fosse uma carta escrita para alguém que ele não quer — ou não pode — esquecer. Aos 31 anos, o cantor e compositor carioca vem consolidando uma carreira autoral que desafia rótulos e foge de comparações fáceis, mesmo carregando um sobrenome que ecoa forte na música brasileira: ele é filho da eterna Cássia Eller.
“Eu cresci vendo minha mãe transformar dor e alegria em música. É impossível não absorver isso, mas minha missão é contar minhas próprias histórias”, afirma, em entrevista exclusiva ao Pulso Latino.
Chico começou a se apresentar ainda jovem, em rodas de samba e bares do Rio de Janeiro, mas só decidiu assumir de vez a carreira autoral depois dos 20 anos. “A música sempre esteve ali, mas eu precisei ganhar chão e voz antes de mostrar minhas composições”, diz.
Ele se recusa a viver à sombra do legado de Cássia Eller. “Não quero e não vou ser um cover da minha mãe. Eu a amo, me orgulho dela, mas minha música é sobre o que eu vivo, o que eu vejo e o que eu sinto hoje.”
Após o lançamento de Pomares (2021), Chico Chico prepara um novo trabalho previsto para o fim de 2025. O disco terá participações de nomes como Duda Beat, Marcelo Camelo e Letrux, misturando MPB, folk e indie rock.
“Esse álbum é mais maduro. Tem guitarra, tem violão, tem percussão, mas, acima de tudo, tem verdade. É um retrato meu nesse momento, com todas as confusões e esperanças que carrego.”
Entre suas influências, cita nomes como Belchior, Jards Macalé, Nick Drake e a própria mãe, mas também se inspira em novas vozes como Tim Bernardes e Céu. “Eu sou apaixonado por artistas que não têm medo de ser estranhos ou poéticos.”
Chico Chico mantém uma base fiel de fãs, conquistada principalmente nos shows intimistas e nas redes sociais, onde compartilha trechos de composições, poesias e momentos do cotidiano.
“Meu público é muito diverso: gente que me conheceu por causa da minha mãe, mas ficou pela minha música; e gente que me descobriu sem saber de onde eu vinha. Isso é incrível, porque significa que o som fala por si.”
O cantor também não foge de temas sociais e políticos. Suas letras frequentemente abordam afetos marginalizados, desigualdade e resistência cultural. “A música é minha forma de entender o mundo e, às vezes, de me curar dele. É também minha maneira de falar sobre coisas que incomodam sem perder a poesia.”
Além do novo disco, Chico Chico planeja uma turnê nacional que passará por capitais e cidades do interior, com formato híbrido: shows completos e apresentações solo em voz e violão. Ele também deve lançar um EP de releituras de canções de artistas que marcaram sua formação.
Ao encerrar a entrevista, ele deixa claro o que quer que seu trabalho represente:
“Quero que as pessoas sintam que a minha música é delas também. Que cada verso seja uma porta para uma lembrança, um afeto ou uma coragem. Não é sobre mim, é sobre nós.”