O sinal toca, a aula começa — mas a cabeça do jovem já está longe. Entre o caderno e o corre, a realidade bate forte: muitos precisam escolher entre estudar, trabalhar, ajudar em casa ou seguir um sonho que ainda nem tem nome.
Na América Latina, milhões de jovens vivem essa encruzilhada todos os dias. Crescendo em contextos de desigualdade, violência, falta de acesso e invisibilidade social, eles são, ao mesmo tempo, os que mais sonham e os que mais enfrentam barreiras para concretizar esses sonhos.
A quebrada ensina cedo. Acordar antes do sol, cuidar dos irmãos, trampar informalmente, pegar condução lotada e tentar prestar atenção na aula depois de tudo isso não é exceção — é rotina.
Muitos largam a escola por falta de estrutura, outros resistem mesmo sem saber se vai valer a pena. Tem quem estude à noite depois de 10 horas de trampo. Tem quem sonhe em ser artista, engenheiro, médica, mas não veja espelho nem incentivo. Tem quem só tente sobreviver.
Mesmo com as dificuldades, a juventude das periferias latinas pulsa potência. O jovem que vende bala no sinal pode estar escrevendo versos que viram hit no TikTok. A menina que ajuda a mãe na faxina talvez desenhe looks de moda autoral entre uma tarefa e outra. Tem quem invente startups com wi-fi emprestado e quem forme redes de afeto e apoio com vizinhos e amigos.
Eles não desistem fácil. Criam, resistem, se conectam — e reinventam o que é possível.
Faltam políticas públicas que olhem para esses jovens como sujeitos inteiros: com fome de futuro, mas também de hoje. Faltam escolas que acolham e respeitem suas vivências. Faltam oportunidades reais de inserção no mercado — sem precarização. Falta espaço para sonhar sem ser interrompido pela urgência do corre.
Mas o que sobra é talento. Criatividade. Força. E vontade de mudar o próprio destino.
Eles se viram como podem, criam seus próprios caminhos e espaços. Cursos comunitários, batalhas de rima, coletivos de arte, podcasts gravados com celular emprestado, trampo na barbearia enquanto se estuda audiovisual. Essa geração não espera convite — ela faz acontecer com o que tem.
Navegar entre a escola e a quebrada não é fácil. Mas cada jovem latino que resiste, que cria, que sonha, mostra que a periferia não é falta — é potência invisibilizada.
No Pulso Latino, a gente escuta quem tem o que dizer.
Porque o futuro já tá sendo escrito — entre becos, escolas, sonhos e muito corre. E ele tem sotaque, gíria e batida da quebrada.