BaianaSystem: o som de uma revolução estética, rítmica e política vinda da Bahia para o mundo

Fabio BenedictoCuriosidadesLatinoamérica Viva2 meses atrás637 Visualizações

Foto: Divulgação

Banda mistura guitarrada, beats, ancestralidade e crítica social para transformar o palco em protesto e a música em movimento coletivo

Se a música tem o poder de provocar, transformar e libertar, então a BaianaSystem é uma prova viva disso. Surgida nas ruas de Salvador, a banda baiana se tornou uma das manifestações mais originais da cultura brasileira contemporânea — unindo a pulsação do sound system, a guitarra baiana, os tambores afrodescendentes, o grave eletrônico, a poesia falada e uma mensagem política urgente.

Em um país muitas vezes dividido entre tradição e modernidade, a BaianaSystem derrubou muros e construiu pontes rítmicas — entre o Pelourinho e o gueto digital, entre os blocos de rua e os festivais internacionais, entre o tambor de mina e o dub jamaicano.

“A gente não quer entreter. A gente quer despertar. Nossa música é um chamado”, afirma Russo Passapusso, vocalista e força poética da banda, em uma conversa com o Pulso Latino nos bastidores do Festival DoSol, em Natal.


Da Bahia para o Brasil (e para o mundo)

Formada em 2009, a BaianaSystem nasceu como um experimento entre o guitarrista Roberto Barreto e a inquietação estética de Russo. O projeto cresceu, incorporou DJs, percussão, projeções visuais e identidade visual própria — um verdadeiro coletivo artístico que transcende o formato de banda.

O nome vem do cruzamento entre o circuito de sound systems jamaicanos e a guitarra baiana, criada por Dodô e Osmar nos anos 1940 — o mesmo instrumento que deu origem ao trio elétrico. Mas se os trios hoje caminham para o pop repetitivo, a BaianaSystem subverte: devolve a guitarra ao seu povo e a coloca como protagonista de um movimento de rua e resistência.


Hits que são hinos de questionamento

Músicas como:

  • 🎶 Lucro (Descomprimindo)

  • 🎶 Capim Guiné

  • 🎶 Playsom

  • 🎶 Sulamericano

  • 🎶 Navio Pirata

  • 🎶 Forasteiro

…não são apenas dançantes. São manifestações sonoras de protesto. Falam de racismo, violência policial, colonização, cultura periférica, ancestralidade e futuro. A banda faz isso com camadas de ritmo, poesia e imagens que explodem nas retinas e ouvidos.

“O palco é extensão da rua. O beat é só o começo. A gente quer provocar diálogo. E a arte é o que dá sentido a isso tudo”, explica Roberto Barreto.


Visual, política e afrofuturismo

Parte da força da BaianaSystem está na sua estética visual. Cada show é acompanhado por projeções assinadas por Antonio Orixá, artista visual e VJ do grupo. O público não apenas escuta, mas vive uma experiência sensorial completa, que mistura máscaras, símbolos, grafismos, referências ao candomblé, aos orixás, às religiões de matriz africana, à cultura de rua e ao afrofuturismo.

“O palco da Baiana é como um templo profano e popular. A gente cultua o som, mas também a imagem, o símbolo, o corpo preto em movimento”, diz Orixá.


Palco é resistência

A banda é presença constante nos maiores festivais do Brasil, como Lollapalooza, Rock in Rio, Coala, Afropunk, Rec-Beat, além de turnês pela Europa, América Latina e África. Seus shows são marcados por intensidade, improviso e comunhão com o público.

Em 2024, o grupo lançou o projeto “Navio Pirata – Volume II”, uma continuação da obra que já havia recebido o Prêmio Multishow de Melhor Álbum. O novo trabalho aprofunda a linguagem política e sonora da banda e conta com participações de nomes como Criolo, Luedji Luna, Vandal, Tropkillaz e Orkestra Rumpilezz.


Fãs que viram militância

“Eu era só fã. Depois de ir num show deles, entrei num coletivo antirracista da minha cidade. A Baiana me ensinou que dançar também é uma forma de lutar”, conta Juliana Santos, 22 anos, estudante e fã desde o álbum Duas Cidades.

Em Salvador, o grupo é visto como uma espécie de oráculo artístico. Muitos jovens da periferia os seguem como referência estética e política. A BaianaSystem não apenas inspira — cria território, imaginação e coragem.


Próximos passos: cultura como tecnologia social

A banda já planeja um novo disco com foco em tecnologias ancestrais, ritualidade urbana e colaboração com artistas indígenas e periféricos. Também está em andamento um documentário sobre a trajetória do grupo, a ser lançado em 2026.

“A Baiana não para. A gente quer ocupar mais. Escolas, museus, ruas, telas, mentes. É isso que move a gente”, diz Russo.


Conclusão: mais que som, é movimento

A BaianaSystem não é só uma banda. É uma força coletiva que dança e grita ao mesmo tempo. É tambor, manifesto, sonho e ruptura. Em cada batida, um alerta. Em cada refrão, um levante. Em cada show, uma experiência de resgate.

E quando o sistema colapsa, a Baiana explode. Em arte, em voz, em resistência.

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